domingo, 13 de fevereiro de 2011

MEDIUNIDADE COM CRISTO

José Carlos, mais conhecido como pai Zé, algumas horas depois de sua desencarnação, já se encontrava perfeitamente consciente de seu estado de "morto".

Ainda um tanto sonolento, foi hospitalizado a fim de que descansasse um pouco.

No dia seguinte enquanto seu corpo seguia para o cemitério, Pai Zé, perfeitamente recuperado, já fazia brincadeiras conosco, afimando que ele havia ficado muito feio dentro do caixão.

Para algumas pessoas a desencarnação é suave: é um "dormir" no corpo e "acordar" na Pátria Espiritual. Pai Zé acompanhou o cortejo fúnebre e caminhando com ele, estabeleci um diálogo salutar.

- É muito difícil encontrar alguém que tenha desercarnado e esteja tão bem, em tão pouco tempo, habitando uma nova dimensão.

- Sempre tive uma vida muito simples, Nunca tive problemas com apego, porque na verdade, eu não tinha a que me apegar, só possuía um barraco onde atendia as pessoas que vinham em busca de consolo.

- Pelo que sei, você ajudou muitas pessoas de posses; se quisesse tirar vantagem, poderia ter melhorado de vida...

- Sem dúvida, mas aí teria perdido a encarnação. No fundo, eram os espíritos que ajudavam as pessoas, eu funcionava apena como intermediário.

- Ao que me consta, nos momentos mais difíceis você passava até dois dias sem comer e ainda assim atendia a centenas de pessoas e não permitia em hipótese alguma que lhe doassem alguma coisa.

- Realmente era assim que acontecia. Se eu aceitasse um prato de comida que fosse, já estaria me corrompendo. Depois viria uma cesta básica, mais tarde um dinheirinho e a hora que eu me desse conta, estaria vivendo as custas da mediunidade. Eu era catador de lixo e tinha, sem dúvida, uma vida de dificuldades, mas nada que eu não merecesse.

- Por que o pessoal lhe chamava de Pai Zé???

- Normalmente o Espírito que fala através de mim, era um Preto-velho, então o pessoal achava que eu era um pai de santo...

- E não era?

- Para falar a verdade, não sei o que era.. Umbandista ou Espírita... Só sei que meu chefe era e é Jesus. Trabalhava por ele e tinha comigo a seguinte meta: aliviar a dor alheia...

- Que ia em busca de orientações?

- Em sua maioria, pessoas pobres, favelados que não tinham condições de pagar uma consulta e de comprar remédio. Os Guias Espírituais faziam o diagnóstco e receitavam ervas para os consulentes.

- Você não tinha horário fixo para atender as pessoas?

- Não, a qualquer hora, qualquer dia da semana, porque a dor alheia não tem hora pra surgir.

- Você estudava alguma coisa sobre mediunidade???

- Eu não sabia ler, e mesmo que soubesse, não tinha dinheiro para comprar livros. Um dia, fiquei sabendo de um orador famoso que iria fazer uma palestra num clube perto do meu barraco. Fui assistir, mas não me deixaram entrar porque estava sujo e mal cheiroso. Para não perder a "pernada" enquanto os engravatados assistiam a palestra, eu aproveitei para ajudar com palavras de estímulo alguns mendigos que estavam na calçada do clube.

- Era feliz???

- Era e sou muito feliz. Nunca tíve dúvida da Bondade de Deus e sempre que os sofrimentos eram mais intensos, eu me lembrava da frase do apóstolo Paulo a Jesus, quando encontrou com ele a caminho de Damasco: "SENHOR, QUE QUEREIS QUE EU VOS FAÇA?". Inspirado por essa frase, eu me colocava à disposição do Cristo e deixava que ele guiasse a minha vida.

- Mas você disse que não sabia ler... Como conhece a passagem evangélica?

- Os Espíritos me contaram...

- É verdade, que mesmo passando fome, você cuidou de vários anos de duas crianças de rua?

- Ah, sim! Lico e Leco era gêmeos. O Pai foi embora de casa, ou melhor do barraco, e a mãe morreu de pneumonia... O Tio bebia muito e sempre espancava as crianças. Sensibilizado com aquela situação, levei os dois para morar comigo.

- E a comida?

- Dividíamos. Quando havia muito pouca comida eu deixava minha parte para eles, afinal, estavam em crescimento.

- Onde as crianças estão hoje???

- Já são adolescentes e estão bem. Um dia, um empresário que veio em busca de orientação espiritual, sensibilizou-se e passou a custear a educação das crianças. Como o dinheiro não era pra mim, e sim para os meninos, eu aceitei a ajuda.

- Não tinha medo de morrer???

- Nem um pouco, a morte para mim sempre foi algo natural. No corpo ou fora dele, meu desejo sempre foi ajudar as pessoas e graças a Deus isso sempre fiz. É nessas horas que a gente nota como Deus é Bom. Um miserável como eu, um catador de lixo, um homem que morava num barraco, tendo a dádiva de ser médium. Só um Deus muito bom para conceder um dom tão nobre a um probe coitado como eu.

- O que você espera da vida, agora que desencarnou??

- Se Deus permitir, espero continuar trabalhando para ajudar quem precisa. Se me derem um barraco e eu puder continuar sendo médium, estarei satisfeito...

Pai Zé, me deu um abraço e partiu... Fiquei a pensar, COMO A VIDA É SIMPLES, e os homens a complicam por demais. Aquele homem não tinha cultura, não ERA DIRIGENTE DE NENHUM CENTRO, não era conhecido, NUNCA RECEBEU UM APLAUSO DE NINGUÉM, mas era simplesmente um HOMEM BOM.

CONCLUIMOS E DESEJAMOS A VOCÊ QUE É ESPÍRITA, CATÓLICO, UMBANDISTA... QUE É RICO OU POBRE... INDEPENDENTE DE QUALQUER COISA...

SEJA BOM!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário